sábado, 30 de outubro de 2010

ENTRAM EM CENA: EJA E LIBRAS

No semestre 2009/2, tivemos 2 interdisciplinas desconhecidas de minha parte em termos de fundamentação teórica: Educação de Jovens e Adultos e LIBRAS.
Sem experiência alguma em ambas disciplinas, o que sabia era que elas existiam, e que pessoas, com muita força de vontade, trabalhavam tanto com jovens e adultos na EJA, como com pessoas surdas, quer sejam crianças e/ou adultos.
Digo força de vontade porque os desafios, ainda hoje, são enormes!
O jovem ou o adulto que ingressa na EJA é fruto de uma exclusão social, pois caracteriza-se por um grupo que não conseguiu concluir seus estudos no tempo previsto, por inúmeras razões, ou aquele que teve inúmeras repetências, tornando-se "adulto" para ficar entre os pequenos, tornando-se, ainda mais difícil, a adequação ao sistema escolar.
Por isto, a EJA requer um olhar diferenciado, onde as pessoas que se prontificam a trabalhar com este jovens e adultos tenham o cuidado para não "infantilizar" o ensino que lhes é apresentado, pela falta de recursos e metodologia adequados que possam servir como referencial no desenvolimento de um trabalho mais qualificado.
Como diz Paulo Freire: "A leitura de mundo precede a leitura da palavra", é preciso valorizar e respeitar os saberes dos alunos, suas vivências e leituras de mundo, suas concepções culturais e linguagem como produto de suas relações sociais.
Outro conceito novo que vimos neste semestre foi o LETRAMENTO, apontando uma diferenciação em torno da alfabetização. Enquanto a alfabetização refere-se a aquisição da leitura e escrita, o letramento faz uso das mesmas enquanto prática social. Certamente, estas concepções nos trazem um "novo olhar" a respeito de alfabetizar, pois sabemos que hoje temos uma gama de conhecimentos oriunda das mais diversas fontes. E é impossível negá-las!
Aceitar diferentes fontes de conhecimento significa repensar nosso planejamento, tornando-o objeto de nossa reflexão e ação. É preciso ter em mente o que quero com meu aluno, os caminhos que me levarão a atingir meus propósitos, bem como a análise final de todo esse processo. Com isso, certamente, terei aprendizagens mais significativas!
E falando em comunicação, pensamos numa sociedade que apresenta diferentes formas de se comunicar, modificando concepções e a própria educação. Dessa forma, voltamos a considerar em nosso meio a Língua de Sinais como uma outra forma de comunicação igualmente importante.
Hoje os surdos estão mais organizados em suas comunidades e na exigência de seus direitos, lutando pela prática de uma pedagogia surda, exigindo o professor que domine a Língua de Sinais e/ou um intérprete em sala, contribuindo, desta forma, para a construção de identidades e a verdadeira inclusão.
" O sujeito surdo deve ser percebido como um sujeito que tem uma diferença linguística e cultural, sem estigmas, sem preconceitos."
Trabalhar com estas ideias dentro da EJA e LIBRAS nos ajudou, acima de tudo, na conscientização do direito destas pessoas a um ensino de qualidade, que respeite suas concepções e limitações, pois eles também fazem parte de uma sociedade, igualmente como todos nós!

Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Clara querida
Excelente sua postagem, muito explicativa. Vc conseguiu compartilhar bem suas aprendizagens. Parabéns