segunda-feira, 26 de abril de 2010

PLANEJAR É PRECISO

Recebemos na escola, na semana anterior, um material sobre planejamento.Trata-se de uma entrevista sobre o tema com o professor Celso Vasconcellos.
Enquanto lia, pensava em minha sala de aula e na minha própria maneira de planejar e percebia que, em muitos aspectos, tudo se assemelhava:começar um planejamento sonhando e depois se deparar com a realidade,colocando os pés no chão, sendo este momento imprescindível, pois preciso perceber o que realmente conseguirei fazer, tendo a avaliação como um instrumento que me apontará a realidade deste meu trabalho.
"O planejamento é inerente ao ser humano.Sempre temos algum plano, mesmo que não esteja sistematizado por escrito".Trabalho há 25 anos em sala de aula e sempre planejei.Logicamente, não agora como estou fazendo em nosso estágio, tão objetivo e sistematizado,mas, planos são traçados no início do ano, reavaliados, adaptados,enfim, todas as mudanças possíveis para que o processo ensino aprendizagem tenha qualidade e intencionalidade.
Para planejar é preciso ter tempo, troca, diálogo.Infelizmente, muitas reuniões de escola são burocráticas"demais, com assuntos, na maioria das vezes de caráter administrativo.É preciso dar mais espaço e autonomia as professor e promover o diálogo entre os professores, pois é neste momento, de grande socialização, que se compartilham descobertas excelentes que cada um possa ter.Porém, o que mais me chamou a atenção em todo este "papo" sobre planejamento,foi a resposta dada pelo mestre ao ser questionado sobre o momento em que se deve ter mais cuidado para planejar.Vasconcellos afirma que são as primeiras aulas, principalmente nas séries iniciais, o momento em que o planejar torna-se precioso.Segundo estudos feitos, a boa relação professor/aluno é decidida nestes momentos.Outras pesquisas apontam os primeiros instantes da 1ª aula como determinantes do sucesso da atividade docente.
Tal afirmação, acredito merecer atenção especial, visto que, no 1º dia de aula, por não conhecermos nosso aluno, nem sequer temos algo planejado para aquele ano, ou mesmo, para aquela aula.É comum falarmos que vamos nos apresentar, deixar as crianças falarem sobre suas férias, suas expectativas para o ano.Nem sempre colocamos nosso plano de trabalho para eles ou o que dele esperamos.Geralmente, é uma aula para a qual não damos muita importância ou parecemos não dar.Talvez, tal fato encontre explicação em algo que todos nós devemos ter em mente:planejar não é só determinar conteúdos, objetivos, metodologia, avaliação.É tornar-se disponível para os alunos, estar presente na sala de aula, acreditando no processo ensino aprendizagem.
O professor precisa acreditar no que faz para fazer cada vez melhor.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO.....

Hoje é 19 de abril, Dia do Índio!Hoje falaremos dele nas escolas, talvez, só hoje!O restante do ano ele ficará esquecido,quando também poderíamos estabelecer relações entre eles e outros grupos sociais, entre eles e nós mesmos, em vários momentos que se tornassem propícios.
Hoje eu também fui trabalhar sobre o índio, não porque é apenas um conteúdo mas porque, há vários anos, tento fazer uma nova abordagem destinando quase toda uma semana à esse tema, no intuito de fazer com que as crianças conheçam e ouçam fatos mesmo nas séries iniciais, acostumando-se a ver que a história tem 2 lados e, quais são nossos verdadeiros heróis.Não é preciso que eles cheguem a uma 4ª ou 5ª série para reconhecerem que esta é uma história de muitas versões.Pois bem, para meu espanto, quando fiz a tradicional pergunta:O que vocês sabem sobre os índios?...Ninguém respondeu nada!
Depois da insistência, muito tímidos, ouvi alguém falar em arco e flecha e foi só....
Embora sendo crianças de um 3º ano,esperava mais!
Contei histórias, conversamos, fizemos desenhos,e, aos poucos, foram se soltando....contando alguns relatos, notícias ouvidas etc...
Tenho toda uma semana para desenvolver o tema e tenho certeza de que as crianças, ao serem questionadas, no próximo ano sobre a referida data,terão mais coisas a dizer...
Em nosso currículo nos preocupamos demais com as disciplinas de Português e Matemática, com os cálculos e a escrita correta,mas pecamos quando podemos desenvolver um tema que vise trabalhar a cidadania, e não damos muita importância à ele.A questão indígena está no currículo, mas cada professor dá a ele a atenção que julga merecida, de acordo com seus princípios e suas convicções.
Um povo que não conhece a sua história, não pode respeitá-la, valorizá-la.Isso é algo que não se aprende sozinho, é preciso ensinar, mostrar, dialogar..O respeito pelos diferentes grupos sociais é o respeito pelo ontem, pelo hoje, pelo meu semalhante, pelo meu colega.
Este é um tema propício, além de outros, para ensinar ao meu aluno o valor das diferenças e ver , em cada uma delas, a sua importância.Estabelecer relações em todos os momentos do ano letivo, quando houver possibilidades,com temas como este, é não restringir a questão indígena à 19 de abril.Eles fazem parte de nossa sociedade.
Antigamente, todo dia era Dia Do Índio, mas agora ele só tem o dia 19 de abril.....vamos cuidar para que este dia também não seja esquecido!

domingo, 11 de abril de 2010

A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR

Em nossa aula presencial sobre as orientações de estágio,o professor Samuel nos desafiou a elaborar um cronograma com a previsão das atividades para as 9 semanas de estágio.A princípio, fiquei um tanto perplexa imaginando que não conseguiria "enxergar tão longe"sendo capaz de saber o que faria daqui a 6, 7, 8 ou 9 semanas.
Presas ao nosso diário onde constam apenas a relação das atividades a serem realizadas pelos alunos,bem como registros importantes sobre aprendizagem de cada um,nos parece um esforço"sobre humano" e inatingível.Elaboramos objetivos gerais em nosso plano de curso e já nem sabemos mais diferenciar estes dos objetivos específicos.
Passei o final de semana praticamente envolvida nesta tarefa, retomando considerações antigas e relendo alguns textos trabalhados durante o curso.
Um dos textos encontrados foi a de autoria de Maria Bernadete Castro Rodrigues cujo título é:Planejamento:em busca de caminhos.
Quando planejamos, nos preocupamos em apresentar conteúdos, objetivos e avaliação,porém, de acordo com a autora citada, é preciso saber o que queremos alcançar, a que distância estamos daquilo que queremos alcançar e o que faremos para diminuir esta distância.
"Planejar é elaborar, executar e avaliar"(Gandin,1985,p.22).
A melhor definição para planejamento que li até agora é a de que "Planejar é a constante busca de aliar o "para que "ao " como", colocada pela autora do texto citado.Simples, e ao mesmo tempo, tão complexo.
Nestes anos todos dedicados ao Magistério, exercito diariamente minha capacidade de aprender e de ensinar,palavras de nosso mestre Paulo Freire.Tenho ceteza que sempre estarei aprendendo e nunca chegarei à perfeição.Deixamos certas questões de lado, priorizamos outras, fazemos poucos registros e nos questionamos eternamente sobre a melhor avaliação e as melhores metodologias.
Como um destaque final para a reflexão deste texto,o diário de classe do professor é colocado como um instrumento importante para a eficácia do seu planejamento , prática que tenho até hoje.
'O diário de classe torna-se importante instrumento de reflexão constante da prática do professor.Através dessa reflexão diária ele avalia e planeja sua prática"(Madalena Freire).
Neste período de estágio,mesmo reaprendendo a elaborar objetivos e conciliar teoria e prática,questões fundamentais para o bom planejar, é necessário se ter em mente onde quero chegar com meu aluno e que tipo de cidadão eu quero formar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

MAIS UM ANO ?!?!?!

Como já postei em meu pbwork, este ano completo 25 anos de serviço, sendo todos prestados em sala de aula, na relação direta com o aluno.
Fossem anos passados, estaria me aposentando, porém, hoje, nem nos cabe mais esta certeza...
Neste aspecto, invejo os artistas que morrem trabalhando por amarem a arte de representar, de atuar sobre um palco e nem pensar em parar.
Todo professor é um pouco artista embora não tendo o mesmo prestígio e salário que os "globais",representa, a cada dia, no palco de sua sala de aula, o esforço e a vontade na dádiva de transformar seus alunos em pessoas melhores:mais cultas, mais educadas, mais cidadãs.
Numa retrospectiva, houve momentos de trabalho reconhecido, gostoso de se fazer, momentos de desilusão, frustração, descrédito.Momentos de pensar em largar tudo e outros de achar que era para vida toda.
Trabalho os últimos 13 anos numa realidade muito dura, onde crianças faltam à aula por não terem calçado adequado, por não saberem quem vai assumir sua guarda pois os pais não lhes querem mais, por assistirem a tanta violência tornando-a algo banal, serem vítimas(mesmo que indiretas) das drogas e da ausência de auto-preservação.
É possível fazê-las sonhar e esquecer um pouco suas tristezas numa escola que procura oferecer cada vez mais? Laboratórios de Informática, Projetos no contra-turno, aulas específicas de reforço, recreação.Parece que mesmo assim ainda não conseguimos atingir a todos....
Por um lado, vejo pais perdidos na arte de educar, sem saber o que seria o "meio-termo",e muitas vezes sem querer sabê-lo.
Entre os professores, levar em consideração todos estes problemas do aluno mas querer desenvolver o seu trabalho, promovendo o crescimento do educando, leva à dicotomia entre o ensino à obediência as regras e imposição dos limites e o uso de uma proposta pedagógica mais libertadora.
É preciso dosar e se ter o equilíbrio certo entre a liberade que se dá, mantendo-se a responsabilidade que cada um deve ter na preservação do espaço que se ocupa, na relação com o outro e na construção do saber.
Este pequeno "quesito" é a fórmula que procuramos desvendar a cada início de ano letivo, com novos alunos e que nos transforma em artistas em potencial! Para que cada ano não seje apenas mais um!