quinta-feira, 30 de abril de 2009

MENINA BONITA....

Continuando o trabalho sobre a interdisciplina de Etnia e Raça,uma de nossas últimas atividades foi a elaboração de um plano de aula com o tema sobre os indígenas ou o preconceito racial dentro da escola.
Para dar continuidade ao trabalho que anteriormente eu havia realizado e que está postado anteriormente,optei em falar sobre o preconceito.
No início da aula pedi para as crianças imaginarem como seria uma menina muito bonita e que a desenhassem.Tive 2 ruivas,3 morenas e as demais foram loiras,isso numa turma de 22 alunos.
Perguntei porque ninguém havia desenhado uma menina negra e dentre algumas justificativas,tentando elaborar o pensamento deles,pude concluir que o que queriam me dizer é que crianças negras aparecem muito pouco em revistas,livros,desenhos animados,gibis,então,é comum nem nos lembrarmos delas.Nas histórias mais bonitas e felizes,a menina é "clara",linda!O negro é sempre colocado como sendo "feio".
"Mas o negro existe e está perto de nós!"(Arthur).
Induzi nossa conversa para que pensassem nas novelas,filmes e percebessem que o negro quase sempre é colocado numa situação de desvantagem em relação ao branco.
Demonstraram curiosidade em saber a origem de tudo isso,ou seja,a história da África e de seu povo e qual a influência do mesmo na nossa cultura.
Como já iniciei o assunto,fazendo despertar grande interesse pela turma,ele será abordado sempre que houver oportunidade.
Contei a história:"Menina Bonita do Laço de Fita".Alguns já a conheciam e os que a ouviram pela 1ª vez,admiraram-se ao perceber que se tratava de uma criança negra.
Após a leitura,algumas crianças falaram sobre a existência de bonecas negras;das pessoas negras da família que eram "do bem",pois têm-se uma tendência a denegrir sua imagem;de amigos muito especiais que são negros...
"Somos todos iguais,o que muda é nossa cor de pele,nunca pensei que isso era tão complicado assim"(Maiara)
Pedi aos alunos para que escrevessem a mensagem que a autora quis passar com esta história e algumas colocações deixaram-me muito satisfeita:
"Achei interessante o coelho querer ser negro como a menina quando todos querem é ser branco"(Mateus).
"É difícil um branco querer ser negro,por isso,é uma história muito interessante"(Mariana)
"Gostaria de aprender mais sobre os negros"(Eduarda).
"Eu achei muito legal porque os negros também têm sua beleza"(Arthur)
"O coelho viu a beleza da menina"(Maiani).
E a história continuará na próxima aula.....

quinta-feira, 23 de abril de 2009

MOSAICO ÉTNICO-RACIAL

Em nossa interdisciplina de Questões Étnico-Raciais fomos desafiadas a realizar um mosaico com nossos alunos.A primeira vista,para mim, pareceu ser uma atividade"sem graça",sem ter muito significado,nem estava muito animada para fazê-lo,porém,quando terminei,fiquei impressionada com o que constatei e que irei relatar.
Escolhi um aluno para desenhar o contorno de seu corpo em papel pardo.Escolhi este desenho pois representava o ser humano,um indivíduo do qual iríamos falar.
Entreguei revistas para as crianças pedindo que eles recortassem gravuras que lembrassem pessoas de sua família:pais,avós,crianças,bebês.Cada gravura recortada deveria lembrar o parente em algum aspecto:cor dos olhos,cabelo,estatura,feições parecidas,peso etc.
Percebi que num primeiro momento,as crianças escolhem por pessoas de belas feições,principalmente se tiver atrizes ou atores.Enquanto recortavam,eu ia passando nas mesas e os questionando sobre suas escolhas.
Tenho 3 alunos que não considero negros mas têm a pele mais escura que os demais colegas.Esses alunos estavam recortando gravuras de pessoas com a pele clara.Ao serem questionados,responderam que havia na família pessoas assim,de tez clara,ou seja,estavam negando sua etnia e não se aceitavam.
Este fato chamou-me muita a atenção!Este trabalho abre um leque para que se realize uma conscientização por parte destas crianças bem como de sua aceitação e melhoria de sua auto-estima.
O contrário se deu com outro aluno na sala de tez clara.Ele recortou gravuras de pessoas de tez morena e ao ser questionado por mim respondeu que havia pessoas assim na sua família porque sua avó materna era “escura” também.
Percebi que ele não se constrangeu em recortar e falar de pessoas mais morenas em sua família enquanto os 3 alunos de tez escura não quiseram colar gravuras de pessoas negras.
Mas,voltando ao mosaico,na “barriga”do desenho,colocamos fotos de mulheres grávidas que estão representadas por Angélica e Daniele Winits pelo fato de haver mulheres nas famílias esperando bebê e,em volta delas,muitos bebês e crianças representando os pequenos na família dos alunos.
Fizemos votação para ver qual foto colocaríamos na cabeça e,mesmo eu insistindo,a turma escolheu o rapaz de belas feições.Não quiseram colocar a menina que está ao lado e nem tampouco o senhor de boné(pai da Camila Pitanga)que está logo abaixo.Quando perguntei o porque de tal escolha,disseram-me que ele era mais bonito.Outro fato que me deixou em alerta.
Aparecem as gravuras do gordo e do magro representando o peso das pessoas e,no restante do cartaz,várias pessoas representando as famílias:muita gente jovem e de pele clara.
Quando o cartaz foi concluído,perguntei porque havia tão poucas pessoas negras ou de pele mais morena.As crianças disseram que pessoas assim são mais difíceis de encontrar nas revistas,o que mais aparece são jovens bonitos,que parecem felizes e com saúde.
Um aluno meu recortou a gravura do Pelé que está no braço do desenho,logo abaixo da menina negra,ao lado do bebê risonho.
Quando perguntei se alguém havia recortado uma gravura de algum negro importante,um outro aluno mencionou o nome de Pelé,ou seja,se eu não houvesse perguntado isso ,a figura de Pelé nem iria ser colada,ao passo de que o mesmo deveria servir como um referencial para os negros.
Perguntei a este aluno se ele conhecia Pelé.Ele afirmou que sim e este dado também me serviu de alerta.Mesmo conhecendo os feitos do jogador,não era suficiente para se identificar com ele?
Enfim,percebi que há muito a trabalhar nesta turma quanto a discriminação racial,o preconceito e a aceitação de sua cor.Em vista disso,no enfoque V realizarei uma atividade contemplando esta situação,momento em que voltaremos a este cartaz e continuaremos nossas discussões.Ele ficou na sala e poderá ser útil a qualquer momento em que uma questão racial vier à tona.
Em volta do desenho,colocamos gravuras de alimentos pois na semana da alimentação vimos o quanto eles são necessários para um crescimento sadio em todos os sentidos.Fiquei contente ao constatar que eles recortaram frutas,sucos,pães,feijoada,carnes,peixes,enfim,contemplando todos os alimentos da cadeia alimentar,sinal de que este assunto foi bem entendido.
Meu desafio será o de que eles compreendam o outro assunto que motivou a realização do mosaico:o preconceito racial!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A QUESTÃO CRUCIAL

Ao realizar uma leitura mais detalhada das colocações de vocês,percebo que a grande maioria do nós possui uma dúvida comum e que a torna crucial:A Maria Luiza coloca a inclusão como a possibilidade de proporcionar ao deficiente uma vida social saudável e,aos demais alunos,o aprendizado de viver com a adversidade.Seria isso o mais importante?O professor deve ter essa premissa?A Luciane coloca a possibilidade e/ou necessidade de pensar mais no político e social do que no pedagógico e o que estaria envolvendo o nosso pedagógico!O fato é que durante nossa formação como educadores, a ênfase era dada justamente nesse processo pedagógico.Como percebemos que não podemos aplicá-lo da mesma forma no processo de inclusão e que não obtemos sucesso algum,passamos a pensar no processo de envolvimento social,na relação pessoal.Qual deveria ser minha abordagem pedagógica no processo inclusivo?Eu,particularmente,tenho \\\"sede\\\"por este esclarecimento!A literatura existente evidencia que os alunos com necessidades educacionais especiais quando inseridos na sala de aula regular,ficam à margem dos acontecimentos e atividades em classe.Não posso discordar totalmente desta afirmação.Porém,se esta minha dúvida fica sem um maior esclarecimento,tendo eu que agir de acordo com minhas convicções(e condições),como esta mesma literatura pode afirmar que não faço nada pelo meu aluno?

INCLUSÃO...PROCESSANDO...

Após as leituras realizadas concluí que a institucionalização de educação especial ocorreu mais rapidamentre do que sua discussão,planejamento e questionamento sobre a integração do deficiente mental na sociedade e no meio escolar,tendo ainda, como agravante,o fato de que,inicialmente,a preocupação ter se dado em relação aos cegos,surdos/mudos e aos deficientes físicos dos que aos mentais.Percebo que mais facilmente aceitamos e nos sentimos preparados para trabalhar com deficientes físicos,imaginando que ,assim,nossa escola aceita o diferente,inserindo-o no meio social.Pouco falamos ou quem sabe,temos medo de tocar no assunto da deficiência mental,pois aí mesmo que vamos nos dar conta de que estamos sem \\\"suporte\\\"!Porém,gradativamente,pais e sociedade em geral estão tomando consciência do direito destes deficientes ao ensino público regular e exigindo-o do poder público e das instituições escolares.Como a Sandra colocou anteriormente,após ler um artigo:\\\"a inclusão é um processo irreversível em nossa sociedade\\\"!Em meio a este contexto,torna-se latente e urgente uma ampla discussão,planejamento e, sobretudo,investimento numa política em que a prática seja condizente com a lei para que haja a premanência e sucesso destes alunos na escola.

INCLUSÃO

Historicamente falando,na Antiguidade,muitas pessoas portadoras de deficiência física e/ou mental,eram vendidas por seus próprios familiares para a corte servindo como entretenimento, compondo um chamado \\\"circo dos horrores\\\".Muitos ficavam escondidos uma vida inteira como no caso do filme de Walt Disney:\\\" O Corcunda de Notre Dame\\\"Hoje,após a sociedade ter passado por muitas transformações,revoluções e com o advento das Ciências Sociais,temo-nos voltado ao homem,em sua essência,na relação com o outro,na solidariedade,no bem viver,na harmonia.Talvez,na própria evolução moral e social do ser,a atitude de esconder o que é diferente,passa a ser inviável, pois ela está inserida na sociedade a qual todos fazem parte.E,sendo assim,a escola não poderia se eximir e deixar de fazer a sua parte.É justamente aí,no papel que compete a escola,que permeiam nossas dúvidas e inquietações.Como já colocado por outras colegas,o que realmente queremos com este aluno,somente inserí-lo no convívio com os outros,desenvolvendo sua sociabilidade e a de seus colegas, tornando-os mais humanos?Como desenvolvê-los pedagogicamente,quais seus limites?A adversidade chegou nas escolas e não haverá um retrocesso.Quanto antes nos aprimorarmos,nos embasarmos,melhor será para todos.E não somente de teorias,práticas,mas de toda lei existente e que diga respeito a tal assunto.