sábado, 31 de outubro de 2009

A Importância do Ato de Ler

Há algumas semanas atrás, na Interdisciplina de EJA, foi nos solicitada a leitura do texto de Regina Hara:Alfabetização de Adultos, ainda um desafio e posterior participação em fórum para a troca de ideias.
Na maioria de minhas postagens, ou pelo menos na mais concisa delas, abordei quanto ao aspecto da avaliação, a ser realizada não somente no final do processo ensino aprendizagem mas fazendo parte do dia a dia ,alavancando a construção do conhecimento, percebendo-se avanços e progressos através da comparação com trabalhos posteriores.
Numa tarde, em que pensava sobre minha próxima postagem e a abordagem que faria, lembrei-me de uma novela exibida pela Rede Globo em horário nobre que trazia como um dos personagens o ator Mateus Naschterghale( não estou bem certa de seu sobrenome).
Lembro como se fosse hoje da interpretação do ator.Ele era analfabeto e, um dia, conhece uma professora que desenvolvia um trabalho com alfabetização de adultos.Pois bem, ambos se conhecem e a professora fala muito de Paulo Freire e suas ideias para o ator.Escondido de todos, o ator(Mateus)passa a frequentar as aulas onde inicia sua alfabetização pois era movido por um grande sonho:assinar seu nome no livro de registros, no dia de seu casamento.E eis que este dia chega.Quando o capítulo vai ao ar, a interpretação do ator ao assinar seu nome revelando a todos, na igreja, da satisfação que isso lhe proporcionava, foi espetacular!!!!Era capaz de escrever seu nome e não precisava mais de ninguém para representá-lo!Penso que este é o sentimento que os adultos têm quando conseguem se alfabetizar.Relendo o texto, esta cena veio à minha mente e penso que expressa muito bem o que Regina Hara fala quando se refere à importância de se identificar a necessidade de escrever de cada um onde as propostas de escritura devam ter alguma função para o sujeito.\\\"O ato de escrever é indissociável da função expressiva e comunicativa da escrita, e, portanto, das coisas do mundo.
Seguindo este pensamento, ao assitir um vídeo sobre a construção da leitura e da escrita do adulto numa perspectiva freireana, Paulo Freire fala de um jovem rapaz que em uma de suas aulas, aproxima-se do quadro escrevendo a palavra NINA e soltando uma sonora gargalhada!
Ao ser perguntado sobre sua intensa alegria, respondeu que NINA era o nome de sua mulher.
Imediatamente, lembrei novamente da novela e do ator no momento em que, com lágrimas nos olhos mas com um sorriso enorme em seu coração, revela que ninguém mais precisará representá-lo,pois sabe aquilo que de mais significativo representa para o ser humano: a escrita de seu nome.....e dos seus.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A COMUNICAÇÃO DOS SINAIS

Em nossa interdisciplina de Libras, assistimos a um filme para a realização de um trabalho entitulado:"Seu nome é Jonas".O filme é comovente e nos faz refletir sobre nossa ignorância, medos e capacidade de superação.
Trata-se de um menino surdo que recebe o diagnóstico de "retardado" pelo médico da família, sendo então, encaminhado a uma instituição específica para tratá-lo,porém, anos mais tarde, esta instituição, mostrando-se contrária ao disgnóstico do médico, percebendo não se tratar de um retardo mental, dá "alta" ao menino entregando-o a seus pais, ou seja, a sua própria sorte, pois estes pais e nem o restante da sociedade e das pessoas com as quais Jonas passou a conviver, familiares ou não, sabiam como lidar com ele.
A expressão "A vida imita a arte ou vice-versa",foi constatada no filme quando, diante de tanto sofrimento, os pais de Jonas se separam, ou melhor, o pai abandona a família, justamente no momento em que tanto a mãe quanto o menino buscavam forças para vencer os desafios diários, numa convivência cada vez mais conflituosa e desgastante.Na vida real vemos este fato se repetir muito.Os homens a quem chamamos "sexo forte" são os primeiros a abandonar o barco.De onde nós, mulheres ,tiramos tanta força?É somente pelo fato de sermos mães?Termos maior equilíbrio emocional?Essa força feminina é extraordinária e inexplicável,pois, passada a tempestade, nos perguntamos como não sucumbimos à ela.E essas dificuldades não se restringem apenas ao ambiente doméstico, é preciso suportar a sociedade, que peca pela ignorância, é preconceituosa e não sabe, e muitas vezes não quer, lidar com as adversidades.
Depois de muito sofrimento, o filme tem um desfecho feliz quando a mãe e o menino conhecem a Língua de Sinais que propicia a comunicação entre os dois e dele com os outros.
Hoje, percebo uma mudança em relação a concepção da surdez e do indivíduo surdo em nossa sociedade.Os surdos estão cada vez mais organizados em suas comunidades e comportam-se de maneira e exigir da sociedade, o respeito que merecem.Interagem com facilidade e estão sempre dispostos a nos ensinar o que sabem.Pelo menos, é isso que percebo hoje em contato com estas pessoas.Apesar de não conhecer muitos ou ter um contato mais estreito com eles,essa é a minha impressão!Parecem ser alegres, otimistas!Quem sabe, chegará o dia em que nós, normais, é que nos sentiremos muito "desconfortáveis" por não sabermos nos comunicar com eles e dominar sua "Língua"!
Quando meu último filho nasceu, fiz o teste da "orelhinha"num consultório particular,momento em que o médico comentou que,assim como o teste do pezinho, o teste da "orelhinha"começaria a ser obrigatório e gratuito.
Após 6 anos, não sei se esse procedimento ocorre em nossos hospitais,sendo mais uma coisa para reinvindicação às nossas autoridades,pois tudo que é feito para amenizar o sofrimento e um ser humano, não é em vão!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO TRABALHO DOCENTE

Ao ler o texto de Regina Hara, Alfabetização de adultos:ainda um desafio, a questão da avaliação chamou-me a atenção.Avaliação esta realizada pelos alunos, com auxílio do professor, na análise de seu progresso individual no processo de aquisição da leitura e escrita.
Geralmente, o que ocorre no trabalho pedagógico é a elaboração, por parte do professor, de todas as etapas do processo educacional:a elaboração dos objetivos, de um projeto, dos procedimentos para tal, dos recursos, da execução do mesmo e, sobretudo, da avaliação, de acordo com seus próprios critérios, excluindo-se desta, na grande maioria das vezes, a participação do aluno, que é algo enriquecedor, para ambas as partes.
O texto coloca que, ao final do um determinado período, os alunos avaliam suas produções comparando-as com as realizadas no início do ano,dando-se conta de seu progresso e compreendendo de que têm condições para aprender e o que falta, ou gostariam de melhorar.
No momento em que o trabalho com EJA apresenta inúmeros desafios, a auto-avaliação pode servir como a alavanca motivadora para a continuidade dos trabalhos, onde os alunos passam a ver a leitura e escrita como um instrumento, usufruindo da mesma, procurando informações e prazer, iniciando um processo de autonomia que permitirá independência.
Falar em alfabetização e na avaliação da mesma, é repensarmos sobre o tempo que cada indivíduo precisa para construir seu conhecimento e acredito que este é outro grande desafio na alfabetização, não somente de adultos, mas especialmente destes.
Ao estipularmos um tempo determinado para que ocorra a aquisição da leitura e escrita, afirmamos que todos têm um mesmo ritmo e os que necessitam mais tempo, precisam iniciar uma nova etapa como se não tivessem aprendido nada.Esta continuidade na alfabetização é algo que se discute há muito tempo, porém, a organização escolar não permite que esta continuidade ocorra, o que certamente desmotiva muitos alunos, aumentando a evasão.
Resolvi escrever sobre a auto-avaliação porque depois de ler o texto sugerido, onde esta questão já havia me chamado a atenção, tivemos, na semana passada, na escola onde trabalho, nossa reunião pedagógica justamente sobre a avaliação, mas aquela que acontece com a participação
dos alunos. Vários foram os relatos de professores, inclusive com a Educação Infantil.Esta auto-avaliação nem sempre correspondia a um conhecimento específico da sala de aula, mas a vários outros aspectos que envolvem o ambiente escolar.
Os professores contavam entusiasmados os resultados e a postura dos alunos para a realização do trabalho e na conversa que tiveram após o mesmo.
Concluindo, a auto-avaliação permite ao aluno "enxergar" seu crescimento, pois acredito que, por maior que seja a dificuldade, sempre aprendemos algo.Além disso, quando a avaliação ~se restringe a aotros aspectos, ensina ao aluno a se posicionar, a formar opinião e isso desenvolve-lhe a cidadania, pois, certamente, ele fará uso dela em outros momentos de sua vida.